quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Novas direções


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 Malas prontas. Última conferida no quarto. Me olho no espelho e suspiro alto. Coloco uma mecha do meu cabelo que teimava em cair, atrás da orelha. Pego a gaiola dos meus hamsters, Dobby e Zoey. Desço as escadas lentamente. Não podia negar que sentia medo do futuro, mas era o que eu queria fazer. O sol invadia a sala entre as cortinas claras, deixando o ambiente amarelado e aconchegante. Bem cara de lar. Tentava gravar cada detalhe para as noites tristes e frias, e sorri ao lembrar do que vivi aqui. Meu olhos passeavam por toda a sala até encontrarem os olhos marejados de minha mãe, com meu pai a abraçando pela cintura como se ela fosse cair a qualquer momento e precisasse ser amparada. Depois de um longo tempo nos encarando, ela veio em minha direção, me envolvendo em seus delicados braços e eu podia sentir o seu cheiro de jasmins e seus soluços. A apertei o máximo que pude até senti braços forte nos envolver e sinto um beijo em meus cabelos. Nem sei quanto tempo ficamos assim... os três abraçados. Quando nos separamos, fui atacada por um vazio sem igual. Nos direcionamos à porta com o Ted (nosso cachorrinho labrador) aos nosso calcanhares, mamãe me abraçando pela cintura e papai com as malas. O caminho até a  porta nunca me pareceu tão longo e  parecia ter alguma espécie de escudo me impedindo de passar, mas também havia um gostinho de recomeço e de conquistas. Minhas próprias conquistas. O táxi me aguardava, não queria despedida no aeroporto, era muito melancólico e isso com certeza dificultaria a minha partida. Enquanto o taxista ajudava meu pai a colocar as malas no carro, minha mãe não me soltava e não parava de dar conselhos de mãe, me fazendo prometer ligar todos os dias e contar tudo. Meu pai se juntou à nós me desejando sorte e juízo. Minha mãe me entregou uma caixinha com uma medalhinha em forma de coração com a nossa foto do último natal e colocou em meu pescoço. Mais um abraço e sorrimos. Papai abriu a porta do carro e a fechou. Ouço o carro ligando e se movimentando, porém não consigo desviar meus olhos marejados dos deles no mesmo estado. Agarro meu colar e sorrio. A imagem vai se distanciando...se distanciando... até que viramos a esquina. Me afundo no banco suspirando ainda segurando a medalhinha. Sinto lágrimas rolarem pelo meu rosto com a imagem dos meus pais abraçados, com os olhos vermelhos e encharcados com o lindo e "pequeno" Ted deitado em seus pés, parecendo estar triste. Meu pai sempre com uma postura incrível, mesmo com os olhos tristes, ainda mantinha um sorriso encantador em seus lábios e mamãe, mesmo parecendo que ia se agarrar em minha pernas, implorando para que eu ficasse, também tinha um sorriso de orgulho da filha que tinha. Olhava  a paisagem correr... o lugar que cresci, os vizinhos com quem brinquei e sempre conheci, minha árvore preferida, a praça... sei que não é um adeus, mas toda despedida é triste. Agora eu terei que fazer valer a pena. Eu sou uma adulta e precisava agir com tal. Precisava fazer as coisas acontecerem, ir atrás do meu futuro, da minha vida. Até breve, família!

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